RECORTES






O QUE VOCÊ VAI DEIXAR?
Existe um ditado árabe que diz: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!”.
Isso porque antigamente as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para produzir os primeiros frutos. Atualmente, com as técnicas de produção modernas, esse tempo é bastante reduzido, porém o ditado é antigo e sábio. Conta-se que certa vez um senhor de idade avançada plantava tâmaras no deserto quando um jovem o abordou perguntando: “Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?”. O senhor virou a cabeça e calmamente respondeu: “Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras”.  Ou seja, não importa se você vai colher, o que importa é o que você vai deixar… Cultive, construa e plante ações que não sejam apenas para você, mas que possam servir para todos e para o futuro.

“Na vertente histérica, o sujeito toma a falta como objeto causa e faz da castração do Outro seu objetivo a denunciar, com a indignação e a revolta --- sem se dar conta de que ''denunciar as misérias do mundo é entrar no discurso que as condiciona'', ou seja, o discurso do mestre. É a versão do militante da causa perdida. Na vertente obsessiva, o sujeito se vê derrotado pela perda e faz-se de morto, anulando seu desejo para ser o avalista do Outro através de um trabalho de militância. A vertente histérica acentua a impotência da causa, e a obsessiva, a impossibilidade da causa prevalecer”.
ANTONIO QUINET, em “A estranheza da psicanálise”

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TEMPO QUE FOGE!
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembleias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: – Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
RICARDO GONDIM

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MARCAS DE BATOM
Numa escola estava ocorrendo uma situação inusitada: adolescentes que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o “excesso” de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom.
Um dia o diretor juntou o bando de adolescentes no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora. No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram.
No outro dia, o diretor juntou o bando de adolescentes e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho.

Moral da história:
Há professores e há educadores, pois o ensino é sempre um desafio!
Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados.
Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade.
Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência.
Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.

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A ARTE DE NÃO ADOECER

Se não quiser adoecer - "FALE DE SEUS SENTIMENTOS"
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "TOME DECISÃO"
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "BUSQUE SOLUÇÕES"
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "NÃO VIVA DE APARÊNCIAS"
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "ACEITE-SE"
A rejeição de si próprio, a ausência de autoestima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser “eu mesmo” é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "CONFIE"
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer - "NÃO VIVA SEMPRE TRISTE"
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

DRÁUZIO VARELLA

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O GRANDE OUTRO
Lembro-me aqui de um fragmento da minha própria análise. Estava eu discorrendo sobre o sexo dos anjos em uma fala que me parecia de fato muito vazia, mas eu a mantinha mesmo assim, pois achava que isso estava de acordo com o que meu analista esperava. É bem isso que se passa no imaginário: eu falo o que suponho que meu destinatário quer ouvir e recebo minha própria mensagem invertida, mas sem saber que ela é o retorno de minha própria mensagem. Ocorre que dentro desse espaço em que eu acreditava obedecer fielmente à regra que o definia, ou seja, a associação livre, escuto de repente um estranho ruído. Como se fosse um "tzzz", "tzzz", que em português é uma interjeição para exprimir contrariedade ou pouco caso. Sinto-me indignado: eu ali tentando ser um bom analisante, esforçando-me com a associação livre e meu analista me escuta com desdém? O estilo é o homem a quem nos dirigimos; neste caso, o estilo é chato, ou seria melhor dizer, não havia estilo. Fiquei então realmente bravo, mas em silêncio durante algum tempo. Considerando que se meu analista havia rompido a regra que se impunha a ele: escutar-me com acolhimento e parcimônia, autorizei-me eu também a interromper a regra. Virei-me então do divã disposto a um "ajuste de contas transferencial". Qual não foi minha surpresa naquele momento ao constatar que o tal barulho era apenas meu analista tentando acender um cigarro e como seu isqueiro não funcionava direito, ouvia-se o tal "tzzz", "tzzz". Recebi então minha própria mensagem, a tal fala vazia, mas agora de forma invertida e não direta. Estava claro que eu mesmo não achava grande coisa o que estava dizendo, e que se estivesse no lugar do outro seria impelido a reprovar-me. Mas aqui se tratou de uma mensagem, que tomo como exemplo porque justamente não tem nada que ver com a intencionalidade. Uma mensagem que chegou desde uma outra forma de outro, uma forma que Lacan chamou de grande Outro. Esta mensagem se produziu a partir de uma interrupção da cadeia associativa. Interrupção, ou ponto de basta, pelo qual se determinou um novo sentido sobre a mensagem, e, principalmente, realizou uma espécie de divisão do sujeito. Este instante de divisão, e esvaziamento do sentido inicial, será no tempo seguinte reocupado com uma significação. Afinal, por que eu me via assim reprovado e por quem? A quem afinal eu estava me dirigindo? Se não era isso que ele queria ouvir, o que seria então?
CHRISTIAN DUNKER - Por que Lacan?

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FRANZ KAFKA E A BONECA VIAJANTE

Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca.
Kafka ofereceu ajuda para encontrar a boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. Não tendo encontrado a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. A carta dizia: “Por favor, não chore por mim, parti numa viagem para ver o mundo”.

Durante três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina outras cartas, que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar…
Tudo para que a menina esquecesse a grande tristeza!

Esta história foi contada para alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i Fabra (Kafka e a Boneca Viajante) onde o escritor imagina como como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas de Kafka. No fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca. Ela era obviamente diferente da boneca original. Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”.

Anos depois, a garota encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta. O bilhete dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.

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O SAPO NA PANELA
Se você colocar um sapo (ou uma rã) numa panela, enchê-la com água e o colocar no fogo, vai perceber uma coisa interessante: o sapo/rã se ajusta à temperatura da água, permanece lá dentro e continua se ajustando quanto maior for o calor. Quando a água está perto do ponto de fervura o sapo/rã tenta saltar para fora, mas não consegue porque está muito cansado devido a tantos ajustes que teve que fazer, e morre. Alguns diriam que o que matou o sapo/rã foi a água fervendo.... o que a matou, na verdade, foi a sua incapacidade de decidir quando pular fora. Pare de se ajustar a pessoas erradas, relacionamentos abusivos, amizades parasíticas, trabalhos fim-de-carreira e tantas situações que vivem te "esquentando". Quando você já fez tudo o que pôde, e ainda tem que viver fazendo mais, você corre o risco de morrer tentando, e não alcançar nada. Saia fora disso! Comece outra coisa. Em outro lugar. Enquanto ainda dá tempo.
GILMOUR RAMOS


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PAIS MAUS
Quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado e dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queremos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo: Eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso, e alguns momentos até me odiaram. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estamos contentes, vencemos! Porque no final vocês venceram também!
E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães; quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos vão lhes dizer: “Sim, nossos pais eram maus. Eram os pais mais malvados do mundo.”
As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer pão, frutas e vitaminas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne e legumes. E eles nos obrigavam a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
Eles insistiam em saber onde estávamos à toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Papai insistia para que lhe disséssemos com quem iríamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles “violavam as leis do trabalho infantil”. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruel. Eu acho que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Eles insistiam sempre conosco para que disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde. O papai, aquele chato, levantava para saber se a festa foi boa só para ver como estávamos ao voltar.
Por causa de nossos pais, nós perdemos imensas experiências na adolescência: Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa deles.
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo de tudo para sermos “PAIS MAUS”, como os nossos foram.
CARLOS HECKTHEUER

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Ódio à segunda-feira,
ônibus lotado para ir,
estafa ao trabalho,
dia sem sentido,
ônibus lotado para voltar.

Silêncio das pessoas,
Hiper conectividade solitária,
Perseguição da violência,
solidão sem fim.

Mudanças que não chegam,
manhãs sem cor,
tardes sem cheiro,
noites com pudor.

Mais muro que gente,
menos gente que sangue,
mais sangue que chão.

Comida sem gosto,
cama vazia,
sexo sem gozo - ou pior, fingido.

Segunda à segunda,
novos calvários,
a mesma vontade.
Fugir.

MYLENA CRISTINA, em “Sintomas de Capitalismo”

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ENTENDA UMA COISA:

Não existe mulher que "dá" no primeiro encontro.
Existe mulher que faz sexo quando está com vontade.
Ela não te "deu"
Ela nunca te pertenceu
Então não venha com essa de "ela deu pra mim"
Porque na verdade, ela não foi sua.
Ela não conta primeiro, segundo ou terceiro encontro
Ela valoriza os momentos
Ela valoriza as conversas
Os sorrisos
Os olhares
Ela valoriza aquilo que desperta vontade
Aquilo que desperta tesão em viver.
Se ela fez sexo com você
Foi porque ela quis.
Não pense que ela faz sexo com todos
Ou pense se quiser
Até porque isso não é da sua conta.
Você não "comeu" ela
Ela ainda está inteira
Ainda ri de coisas bobas na TV
Ainda lê um livro antes de dormir
Ainda sai com suas amigas no sábado à noite
E almoça na casa dos pais no domingo.
Você não "comeu" ela
Porque gente não se come
Se sente.
Ela não saiu por aí gritando para todos
O quanto a transa de vocês foi ruim
Ou o quanto você foi grosso com ela
Ela não precisa dividir isso com ninguém
Então porque você precisa?
Pra se sentir mais "macho" ?
Pra se sentir mais "homem"?
Não cara
Ela não é metade do que você pensa
Ela é tão extraordinária
Que nem cabe dentro dos seus pensamentos.
Ela não te ligou
E ela não estava esperando você ligar
Ela não precisa da sua aprovação
Ela não precisa saber se foi bom pra você
Porque se tiver sido bom para ela
Ela vai fazer acontecer de novo.
Não, ela não estava bêbada
Nem drogada
Ela fez porque quis
Porque estava afim.
Quando ela se arrumou naquela noite
Ela já sabia que seria pra enlouquecer
Ou enlouquecer alguém
E pode ter certeza que você não a enlouqueceu.
Você não ganhou ela na sua conversa fiada
Ela foi porque estava afim
Porque ela te escolheu.
Não saia por aí dizendo que você a ganhou
E que você ganha a hora que quiser.
Ela não te viu como um pedaço de carne
Ela não enxerga ninguém assim
Ela gosta de conexões
Nem que seja só por uma noite
Ela gosta de se sentir ligada a alma de alguém
De sentir o calor
De olhar nos olhos
De sentir prazer físico e emocional
E se ela tiver te achado vazio demais
Não vai rolar de novo.
Você pode rezar
Implorar
Mandar flores
Ela é decidida
Tem personalidade forte.
E no dia em que ela se casar
Vai ser com um cara de muita sorte
Porque de todas as conexões
Aquela terá sido a mais forte
Ele terá sido a alma que ela escolheu
E os dois serão eternamente enlouquecidos
Um pelo outro.
E você?
Ah cara,
Você vai continuar perdendo tempo
Falando por aí das mulheres que você acha que comeu
Vai continuar perdendo tempo achando que ganhou alguém
Você vai acabar sozinho
Porque nunca soube se conectar
Nunca soube sentir a alma de alguém.

HELENA FERREIRA

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VOCÊ NUNCA DEVE
Dizer tudo o que sabe;
Crer em tudo que ouve;
Fazer tudo o que pode;
e gastar tudo o que tem...

PORQUE SE VOCÊ
Diz tudo o que sabe;
Crê em tudo o que ouve;
Faz tudo o que pode;
e gasta tudo o que tem ...

VOCÊ ACABA
Dizendo o que não deve;
Julgando o que não vê;
Fazendo o que não deve;
e gastando o que não pode...

PROVÉRBIO ÁRABE

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“Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos... Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados... Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo... Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos... Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...”.
ALMANY FALCÃO

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Primeiro dia de aula, o professor de 'Introdução ao Direito' entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Qual é o seu nome?
- Chamo-me Nelson, Senhor.
- Saia de minha aula e não volte nunca mais! - gritou o desagradável professor.
Nelson estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.
Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
- Agora sim! - vamos começar.
- Para que servem as leis? Perguntou o professor - Seguiam assustados ainda os alunos, porém pouco a pouco começaram a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
- Não! - respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
- Não!
- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota.
- Até que enfim! É isso, para que haja justiça.
E agora, para que serve a justiça?
Todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira.
Porém, seguíamos respondendo:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, que mais? - perguntava o professor.
- Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem...
- Ok, não está mal, porém respondam a esta pergunta:
"Agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?"
Todos ficaram calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não! - responderam todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!
- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
Vá buscar o Nelson - Disse. Afinal, ele é o professor, eu sou aluno de outro período.
Aprenda: Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.
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Em 1960, o jornalista Gordon Young perguntou a Jung:
- O que você considera ser mais ou menos básicos fatores que fazem a felicidade na mente humana?
Jung respondeu com cinco elementos:
“1. Boa saúde física e mental.
2. Boas relações pessoais e íntimas , como os do casamento, da família e amizades .
3. A faculdade de perceber a beleza na arte e na natureza.
4. Padrões de vida razoável e trabalho satisfatório.
5. Um ponto de vista filosófico ou religioso capaz de lidar com sucesso com as vicissitudes da vida.”

Jung, sempre consciente do paradoxo, acrescentou:
"Todos os fatores que são geralmente assumidos para fazer a felicidade pode, em determinadas circunstâncias, produzir o contrário. Não importa como ideal a sua situação possa ser, ela não garante necessariamente a felicidade.”

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MARCAS DE BATOM
Numa escola estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas de 15,16,17 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o “excesso” de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom.
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora. No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram.
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho!

Moral da história: Há professores e há educadores...
Comunicar é sempre um desafio!
Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados. Por quê?
Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade.
Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência.
Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.

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A BOA MÃE

“A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo”. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.

Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso. Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.

Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

MARCIA NEDER

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“O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta.
Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
JOÃO CABRAL DE MELO NETO - Os Três Mal-Amados

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A TEORIA DO MERTHIOLATE

As crianças hoje em dia são muito hiperativas. Na minha infância, as crianças eram mais calmas. Sabe porque? Porque o Merthiolate ardia muito.
As crianças de vez em quando deixavam de fazer merda pensando no Merthiolate. O Merthiolate tinha uma função pedagógica.
O Merthiolate também tinha uma função psicológica. Porque aquele ardor dava a impressão de que os micróbios estavam sendo mortos. Você acreditava que de fato estava curando. Mercúrio Cromo não ardia, então dava a sensação que curava menos. Quando o Merthiolate encostava na ferida, você sentia que ali tinha virado um grande campo de batalha. Você sentia o ardor da guerra. E quando o ardor passava é porque a gente tinha conseguido vencer o mal.
Além do fator pedagógico e psicológico, o Merthiolate também tinha um apelo maternal. Porque a única coisa capaz de amenizar o sofrimento do Merthiolate eram as micropartículas de saliva materna. Quando a mãe soprava na ferida, o sofrimento magicamente reduzia.
Além do fator pedagógico, psicológico e maternal, o Merthiolate também tinha uma função de geolocalização. Porque o ardor servia como sinalização se o Merhtiolate tinha sido de fato colocado no local correto. Se não ardesse, é porque não colocou direito. O Merthiolate era o GPS da ferida.
Além do fator pedagógico, psicológico, maternal e de geolocalização, o Merthiolate também teve um impacto na personalidade das pessoas. O ardor incrível do Merthiolate moldou a personalidade da geração de crianças dos anos 80. As crianças desde cedo se acostumaram a ser homem, engolir o choro, aguentar a dor...
Hoje em dia... o Merthiolate não arde mais. Por isso essa geração emo, tudo cheio de frescura, chora por qualquer coisa…"
MURILO GUN

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A QUEM O PSICÓLOGO INCOMODA?
Incomoda os pais que acham que devem controlar seus filhos;
Incomoda o patrão que quer um funcionário dócil e obediente;
Incomoda o professor e o diretor de escola que quer um aluno comportado;
Incomoda o médico que quer ser o senhor absoluto da saúde humana;
Incomoda o juiz que quer ser o senhor da vida alheia;
Incomoda o dirigente que acha que conhece todos os assuntos;
Incomoda o religioso intolerante às crenças alheias.
Mas, de fato, o psicólogo incomoda os que querem controlar a vida das pessoas, pois a função do psicólogo é fazer fluir o direito de liberdade, a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão, a liberdade de ser feliz.
O psicólogo não incomoda os pais que sabem educar, não incomoda o patrão justo, não incomoda o médico ético, não incomoda o juiz conhecedor dos direitos humanos, não incomoda o dirigente que quer o melhor para seus comandados e não incomoda os que respeitam as escolhas alheias. Os que se incomodam com os psicólogos são os que mais precisam deles.
RICARDO PORTELLA

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Amadurecer não é envelhecer,
é só ficar mais leve, 
levar tudo menos a sério,
principalmente a si mesmo... 
Amadurecer é entender o transitório
e dele tirar partido para 
não se prender em nada ilusório...
Amadurecer é saber que tudo
mais cedo ou mais tarde 
vai se resolver...
Amadurecer é aceitar que não... 
tem o controle de nada,
nem da necessidade de acreditar...

... que tem...


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Gosto das mulheres que usam saias
Longas, curtas, rodadas, rendadas
Tecido leve, liso, estampado.

Gosto das apaixonadas, intensas
Das que agem várias vezes antes de pensar
Gosto das vaidosas, mulheres de unha pintada
E das que exageram na maquiagem
E às vezes maquiam até a alma

Gosto das que se bronzeiam e são tatuadas pelo sol
Desenhando o contorno do minúsculo traje
Gosto das que usam biquíni fio dental
Das que douram os pelos, das que se depilam toda
Das que leem Neruda e são cantoras

Gosto das morenas, mulatas
Das que tem alma negra e que idolatram a mãe África
Gosto das de cabelos ondulados, crespos, cacheados
Das que entendem sua beleza
E que usam flores e penduricalhos

Gosto das que têm um bom rebolado
Aquelas que sambam enquanto andam
Que usam salto alto, all star, sandália de dedo
Das que comem sem medo
Que se lambuzam toda, que engolem tudo

Das que cozinham bem e das que falam muito
Das que apreciam boa música
Gosto das que gostam de Drummond
E das que acham o Chico aquilo tudo.


ZUZA ZAPATA

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TODO FILHO É PAI DA MORTE DE SEU PAI
Fabrício Carpinejar

"Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia."
Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
Todo filho é pai da morte de seu pai. Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta. E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais. Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.
E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
— Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrado:
— Estou aqui, estou aqui, pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.


Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões. Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus. Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.

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Maria não consegue dormir. Sua cabeça não para e a carne está inquieta.  É noite de chuva. A televisão está ligada, mas todas as atenções estão voltadas à  sucessão de ideias e imagens que passam pelo seu corpo. Pensa nos filhos que nunca existiram; no abandono que sofreu dos pais, ao ser doada para uma família mais pobre que a sua quando tinha apenas onze anos; nos amores que recusou por medo; na perda, por puro preconceito, do único homem que realmente amou; nos vícios que acumulou; na repartição pública em que passa parte essencial da sua vida; no aborto da sua irmã adotiva; na morte de sua mãe biológica; na doença cardíaca do pai; na fobia constante que sente ao comer; na morte; na angústia de estar sempre só. A cabeça dispara. Parece uma metralhadora de acusações.

Ela quer dormir. Não consegue calma alguma. Há alguns meses parou de tomar Rivotril porque domou a Síndrome do Pânico. Não tem mais nenhum comprimido nos armários. Na televisão passa uma sessão de cinema nacional. Por que sempre escolhem os piores filmes? Volta a fervilhar sua mente. Os brancos da parede ficam mais brancos nestas noites. Pensou em ligar para alguém. Sentiu que seria meio inconveniente telefonar na alta madrugada. Que droga de vida? Lamenta não ter um amigo, um único ser com que pudesse comungar alguma intimidade não fugaz. As horas avançam e Maria continua acelerada.

Um infarto, um câncer, um tombo no banheiro, um atropelamento, um tijolo sobre a cabeça, uma bactéria, um assalto, uma infecção aguda e generalizada, um afogamento repentino, um tiro nas têmporas, uma dose excessiva de comprimido. Maria pensa na morte de várias maneiras, mas não tem coragem de ir adiante. Desespera a vida; desespera mais a ideia do desaparecimento. Maria nunca alcançou a doçura. Até seu sorriso é negro. O brilho dos olhos se perde nas imensas e negras olheiras. Ela admite a si mesma que assim não dá mais, que se faz necessário achar uma rota de fuga, uma alternativa para tanto desespero.

Os pássaros começam a cantar no pé de limoeiro que plantou na janela de seu quarto. A claridade começa a tingir o espaço. A chuva fina escorre pela vidraça. Maria levanta com a cabeça pesada e o corpo alquebrado. Já na cozinha, começa a fazer o café da manhã. Uma imensa xícara de café preto para espantar o cansaço. No quarto, a televisão anuncia que a semana toda será de chuva, que o índice de desemprego aumentou, que uma mãe atirou seu filho, com apenas um ano e três meses, do viaduto central.  Maria olha para dentro da xícara de café. Fica alguns minutos se procurando dentro da negritude matinal.


MARCO VASQUES, em MARIA COM MARIA 
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COMO A MEDICINA DA DOENÇA FUNCIONA
Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA. A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor.
Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA. A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia.
Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!
Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”. Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.
Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.
Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito.
Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde(?!). Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!!
Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo... não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.
Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado.
Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).
A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida).


CARLOS BAYMA

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ATENÇÃO!
1. Não cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são prioritárias.
2. Não trabalhe aos sábados o dia inteiro e, de maneira nenhuma, trabalhe aos domingos.
3. Não permaneça no escritório à noite e não leve trabalho para casa e/ou trabalhe até tarde.
4. Ao invés de dizer "sim" a tudo que lhe solicitarem, aprenda a dizer "não".
5. Não procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e nem aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.
6. Se dê ao luxo de um café da manhã ou de uma refeição tranquila. Não aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.
7. Pratique esportes. Faça ginástica, natação, caminhe, pesque, jogue bola ou tênis.
8. Tire férias sempre que puder, você precisa disso. Lembre-se que você não é de ferro.
9. Não centralize todo o trabalho em você, não é preciso controlar e examinar tudo para ver se está dando certo... Aprenda a delegar.
10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, não tome logo remédios, estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Procure um médico.
11. Não tome calmantes e sedativos de todos os tipos para dormir. Apesar deles agirem rápido e serem baratos, o uso contínuo fazem mal à saúde.

12. E por último, o mais importante: permita-se a ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto não é só para crédulos e tolos sensíveis; faz bem à vida e à saúde. 

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SAÚDE MENTAL
por Rubem Alves

“Faço uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras foram alimento para a minha alma.
Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski.
E assusto-me. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é uma coisa muito perigosa… Não, saúde mental elas não tinham… Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas. Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de loucos e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente “equipamento duro”, e a outra se denomina software, “equipamento macio”. O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades “espirituais” – símbolos que formam os programas e são gravados. Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo “espirituais”, sendo que o programa mais importante é a linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há de se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos; somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso dos símbolos. Eles podem vir de poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas… Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som; imagine que o CD e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais; imagine que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou… Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, a “saúde mental” até o fim dos seus dias: Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música… Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranquilize-se; há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos Domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo essa receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram…”RUBEM ALVES.


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TABAGISMO E PSICANÁLISE
Richard Boothby
Poucos exemplos da insaciabilidade da pulsão oral ilustram melhor a visão psicanalítica do que o tabagismo. O ponto, é claro, não é simplesmente reduzir a vontade do fumante a um desejo do lactante. Obviamente, o vício do tabaco é principalmente uma dependência química. Também não é a psicologia do tabagismo relacionada ao aspecto químico: o ciclo de ansiedade e relaxamento repetido em cada cigarro é tanto induzido quanto gratificado pelos efeitos da nicotina. Contudo, quando se considera o cigarro como um sistema de absorção da droga, há espaço para um suplemento psicanalítico. Se a simples absorção da nicotina fosse o único fator a dúvida premente seria por que o uso do tabaco não se limita a esse fim, através de uma maneira muito mais eficiente de extrair o seu efeito narcótico: mastigá-lo. O enigma, que permanece sem resposta no nível puramente químico, é por que nos empenhamos em tornar o tabaco algo que possa ser sugado. Charutos, cigarros ou cachimbos – o resultado é o mesmo. Nós administramos nicotina através de algo semelhante a um mamilo.
A conclusão psicanalítica é, portanto, não negar o papel de um narcótico, mas sim sugerir que o poder da dependência química é aumentado por uma satisfação psicológica profunda, uma repetição do mais arcaico ato de gratificação infantil. Ao contrário da famosa observação de Freud – na verdade, Freud o sabia melhor do que ninguém – um charuto nunca é apenas um charuto. ² Ao que podemos acrescentar uma última nota sobre o modo em que a pulsão oral procura exceder a satisfação, o “algo a mais” que o leite. Por isso não podemos deixar de destacar que os momentos em que o desejo por um cigarro é sentido com maior urgência são precisamente os momentos em que o fumante já foi saciado. Como qualquer fumante pode dizer a hora ideal para um cigarro é logo após comer, ou após o sexo. Como não suspeitar que esses cigarros pós-mesa e pós-coito pertencem aos restos de um desejo que continua insatisfeito por comida e sexo? Eles procuram prover o que é elusivo e indefinível, algo que não se consegue na mesa ou na cama.
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Era uma sessão de terapia. "Não tenho tempo para educar a minha filha", ela disse. Um psicanalista ortodoxo tomaria essa deixa como um caminho para a exploração do inconsciente da cliente. Ali estava um fio solto no tecido da ansiedade materna. Era só puxar um fio... Culpa. Ansiedade e culpa nos levariam para os sinistros subterrâneos da alma. Mas eu nunca fui ortodoxo. Sempre caminhei ao contrário na religião, na psicanálise, na universidade, na política, o que me tem valido não poucas complicações. O fato é que eu tenho um lado bruto, igual àquele do Analista de Bagé. Não puxei o fio solto dela. Ofereci-lhe meu próprio fio. "Eu nunca eduquei meus filhos...", eu disse.
Ela fez uma pausa perplexa. Deve ter pensado: "Mas que psicanalista é esse que não educa os seus filhos?". "Nunca educou seus filhos?", perguntou. Respondi: "Não, nunca. Eu só vivi com eles". Essa memória antiga saiu da sombra quando uma jornalista, que preparava um artigo dirigido aos pais, me perguntou: "Que conselho o senhor daria aos pais?". Respondi: "Nenhum. Não dou conselhos. Apenas diria: a infância é muito curta.
Muito mais cedo do que se imagina os filhos crescerão e baterão as asas. Já não nos darão ouvidos. Já não serão nossos. No curto tempo da infância há apenas uma coisa a ser feita: viver com eles, viver gostoso com eles. Sem currículo. A vida é o currículo. Vivendo juntos, pais e filhos aprendem.
A coisa mais importante a ser aprendida nada tem a ver com informações. Conheço pessoas bem informadas que são idiotas perfeitos. O que se ensina é o espaço manso e curioso que é criado pela relação lúdica entre pais e filhos". Ensina-se um mundo! Vi, numa manhã de sábado, num parquinho, uma cena triste: um pai levara o filho para brincar. Com a mão esquerda empurrava o balanço. Com a mão direita segurava o jornal que estava lendo... Em poucos anos, sua mão esquerda estará vazia. Em compensação, ele terá duas mãos para segurar o jornal".
RUBEM ALVES

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AS TRAUMÁTICAS AVENTURAS DO FILHO DO FREUD
por Pacha Urbano

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CONSELHOS
Uma das primeiras fontes de conselhos de que há registro foram os oráculos da Grécia Antiga. A eles recorriam reis e generais antes de tomar decisões de vida ou de morte. O mais famoso de todos os oráculos era o de Delfos.
Ao pé do Monte Parnaso, era considerado pelos gregos o centro do Universo. Lá, as sacerdotisas de Apolo revelavam suas profecias. Ao perguntar se deveria atacar os persas, o rei Creso, de Lídia, recebeu o seguinte conselho: “Se você o fizer, destruirá um grande império”.
Creso lançou-se à batalha sem entender que o império derrotado seria o dele. Não basta, portanto, receber um bom conselho. É preciso ouvir e interpretá-lo de forma correta.

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MORRE LENTAMENTE...
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.
Pablo Neruda

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AUTISTA
O filme “Amargo Pesadelo” estava sendo rodado no interior dos Estados Unidos.
O diretor fazia a locação em um posto de gasolina nos confins do mundo, onde aconteceria uma cena entre vários atores contracenando com o proprietário desse posto, onde ele também morava com sua mulher e filho autista que nunca saía do terreno da casa...
Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, um dos atores - que também era músico e sempre andava acompanhado do seu instrumento de cordas, aproveitando o intervalo da gravação e, ao perceber a presença do rapaz "diferente" que dedilhava um banjo na varanda da casa, aproximou-se e começou a repetir a sequência musical dele...
Como houve uma 'resposta musical" por parte do rapaz, o diretor captou a importância da cena e mandou filmar.
Assim, aquela parada para abastecimento foi providencial e registrou a cena mais marcante que o diretor teve a felicidade de "encaixar" no filme.
Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do rapaz.
Sua expressão é pura: inicia-se distante, mas, à medida que toca o banjo, ela cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até surgir um sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua alegria!
A alegria de um autista, resgatada por alguns momentos graças a um violão forasteiro, é registrada com maestria. Ele brilha, cresce e exibe o sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à superfície. Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada "por acaso" no filme.
Observações:
01) - O protagonista é John Voight, o pai da Angelina Jolie, que teve a companhia do canastrão Burt Reynolds.
02) - O rapaz é realmente autista;
03) - A cena foi acidental, não estava nos planos do filme;
04) - A alegria do pai curtindo o duelo dos banjos, dançando, e a felicidade da mãe captada numa janela da casa são reais
05) - A reação do autista foi autêntica, quando o ator/músico quis cumprimentá-lo.
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FÓRUM SOBRE MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA SOCIEDADE

Este fórum tem por finalidade articular entidades, grupos e pessoas para o enfrentamento e a superação do fenômeno da medicalização, bem como mobilizar a sociedade para a crítica à medicalização da aprendizagem e do comportamento.
Entende-se por medicalização o processo que transforma, artificialmente, questões não médicas em problemas médicos. Problemas de diferentes ordens são apresentados como “doenças”, “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam as grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Questões coletivas são tomadas como individuais; problemas sociais e políticos são tornados biológicos. Nesse processo, que gera sofrimento psíquico, a pessoa e sua família são responsabilizadas pelos problemas, enquanto governos, autoridades e profissionais são eximidos de suas responsabilidades.
Uma vez classificadas como “doentes”, as pessoas tornam-se “pacientes” e consequentemente “consumidoras” de tratamentos, terapias e medicamentos, que transformam o seu próprio corpo no alvo dos problemas que, na lógica medicalizante, deverão ser sanados individualmente. Muitas vezes, famílias, profissionais, autoridades, governantes e formuladores de políticas eximem-se de sua responsabilidade quanto às questões sociais: as pessoas é que têm “problemas”, são “disfuncionais”, “não se adaptam”, são “doentes” e são, até mesmo, judicializadas.
A aprendizagem e os modos de ser e agir – campos de grande complexidade e diversidade – têm sido alvos preferenciais da medicalização. Cabe destacar que, historicamente, é a partir de insatisfações e questionamentos que se constituem possibilidades de mudança nas formas de ordenação social e de superação de preconceitos e desigualdades. O estigma da “doença” faz uma segunda exclusão dos já excluídos – social, afetiva, educacionalmente – protegida por discursos de inclusão.
A medicalização tem assim cumprido o papel de controlar e submeter pessoas, abafando questionamentos e desconfortos; cumpre, inclusive, o papel ainda mais perverso de ocultar violências físicas e psicológicas, transformando essas pessoas em “portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem”.
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SETE MOTIVOS PARA SER CONTRA O PL DO ATO MÉDICO
A luta de todos os profissionais de saúde contra o Projeto de Lei (PL) do Ato Médico continua. Depois de ser arquivado em dezembro de 2010 por conta do artigo 332 do regimento interno do Senado Federal (que não permite que um PL seja tramitado em duas legislaturas), o texto foi desarquivado em 2011 e voltará a ser discutido pelos senadores.
O projeto desautoriza todos os biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, profissionais da educação física, psicólogos, técnicos em radiologia e terapeutas ocupacionais, um total de 3 milhões de profissionais da saúde, e dá exclusividades à categoria médica. Aproveitamos o momento para lembrar que os profissionais e toda a população devem manter a mobilização, e listamos sete motivos pelos quais devemos lutar CONTRA O ATO MÉDICO.
Se o Projeto de Lei for aprovado somente os médicos poderão:
1 – realizar diagnósticos;
2 – indicar tratamento;
3 – praticar acupuntura;
4 – determinar o prognóstico relativo ao diagnóstico;
5 – emitir atestados;
6 – realizar perícias;
7 – trabalhar em direção e chefia dos serviços.
Cabe salientar que diversos profissionais da área da saúde serão impedidos de realizarem atividades para as quais se habilitaram e se capacitaram em suas áreas específicas de atuação. Há uma série de questões políticas e mercadológicas inseridas no projeto.
Divulgue, participe da mobilização contra a aprovação do Projeto de Lei do Ato Médico.
O Ato Médico Ata-nos! Não podemos tolerar atitudes corporativistas em detrimento da meritocracia.
Clique aqui para enviar um e-mail a todos os senadores de seu Estado solicitando que rejeitem o Projeto de Lei do Ato Médico. Também clique aqui para enviar um e-mail a todos os senadores do Brasil.
Mais informações:
www.atomediconao.com.br
www.naoaoatomedico.org.br

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CUIDE-SE
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza
O coração enfarta quando chega a ingratidão.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Preste atenção!
O plantio é livre, a colheita, obrigatória... Preste atenção no que você esta plantando, pois será a mesma coisa que irá colher!!
Descubra o que te prejudicou coloque para fora...

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O LOUCO DE PALESTRA, da Revista Piauí nº 49
Ele sempre começa com “Eu gostaria de fazer uma colocação”

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LINKS

Os 100 lugares mais belos do mundo

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NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA
No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro'
"Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro???"
Correto: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro' "

'Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'
Enquanto o correto é: ' Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'

'Cor de burro quando foge.'
Burro muda de cor quando foge??? Qual cor ele fica??? Porque ele muda de cor???" Eu queria porque queria ver um burro fugindo para ver a cor dele!
O correto é: 'Corro de burro quando foge!'

Outro que no popular todo mundo erra: 'Quem tem boca vai a Roma.'
"Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que Quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!"
O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado, 'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correto é: 'Esculpido em Carrara.' (Carrara é um tipo de mármore)

Mais um famoso... 'Quem não tem cão, caça com gato.' "Entendia também, errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda!
Tudo bem que o gato só faz o que quer, quando quer e se quer, mas vai que o bicho está de bom humor!"
O correto é:' Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho!'

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MAFALDA




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NOSSOS SIGNIFICADOS
1 - Durante a Guerra de Secessão, quando as tropas voltavam para o quartel após uma batalha sem nenhuma baixa, escreviam numa placa imensa: " O Killed " ( zero mortos )
Daí surgiu a expressão “O.K.”. Para indicar que tudo está bem.

2 - Nos conventos, durante a leitura das Escrituras Sagradas, ao se referir a São José, diziam sempre " Pater Putativus ", ( ou seja: "Pai Suposto" ) abreviando em P.P .". Assim surgiu o hábito, nos países de colonização espanhola, de chamar os "José" de "Pepe".

3 - Cada rei no baralho representa um grande Rei/Imperador da história:
. Espadas: Rei David ( Israel )
. Paus: Alexandre Magno ( Grécia/Macedônia )
. Copas: Carlos Magno ( França )
. Ouros: Júlio César ( Roma )

4 - No Novo Testamento, no livro de São Mateus, está escrito " é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus "... O problema é que São Jerônimo, o tradutor do texto, interpretou a palavra " kamelos " como camelo, quando na verdade, em grego, "kamelos" são as cordas grossas com que se amarram os barcos. A idéia da frase permanece a mesma, mas qual parece mais coerente?

5 - Quando os conquistadores ingleses chegaram a Austrália, se assustaram ao ver uns estranhos animais que davam saltos incríveis. Imediatamente chamaram um nativo ( os aborígenes australianos eram extremamente pacíficos ) e perguntaram qual o nome do bicho. O índio sempre repetia " Kan Ghu Ru ", e portanto o adaptaram ao inglês, " kangaroo" ( canguru ). Depois, os lingüistas determinaram o significado, que era muito claro: os indígenas queriam dizer: "Não te entendo ".

6 - A parte do México conhecida como Yucatán vem da época da conquista, quando um espanhol perguntou a um indígena como eles chamavam esse lugar, e o índio respondeu " Yucatán ". Mas o espanhol não sabia que ele estava informando " Não sou daqui ".

7 - Existe uma rua no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, chamada "PEDRO IVO".
Quando um grupo de estudantes foi tentar descobrir quem foi esse tal de Pedro Ivo, descobriram que na verdade a rua homenageava D.Pedro I, que quando foi rei de Portugal, foi aclamado como "Pedro IV" (quarto). Pois bem, algum dos funcionários da Prefeitura, ao pensar que o nome da rua fora grafado errado, colocou um " O " no final do nome. O erro permanece até hoje.

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O DONO DO MUNDO








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CALIGRAFIA, por Luciana Elaiuy
Escreva em letra miúda a sua sensação de grandeza.
Num muro, bilhete, na testa, no verso da tristeza.
Mas escreva em letras miúdas para caber
entre os dentes da raiva, entre os tempos de pausa,
entre o peso e a alça, o desejo e a calça.
Nomeie seus instates
Para ler com clareza,
não é a letra que
precisa ser grande.

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PRECISA-SE DE TERAPIA

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Na falta da lei experimente a fé!
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